21 março 2013

Trabalho.

Bati.minha.meta. Simples assim. Antigamente esse fato me enchia de orgulho, de sensação de ser foda. Mas hoje é uma passagem, uma lembrança que ainda sei vender. Se essa empresa parasse para prestar alguma atenção em mim veria que tenho um potencial escondido, mas só um número e isso é literal. Exceto pelas graças que faço com meus colegas de trabalho que me acham um ponto turístico enquanto falo das balas do Rio. Mas tem coisas que nenhum dinheiro paga. Estou cansada de contar a história "porque você veio pra cá se o Rio é lindo." Então agora invento versões glamourosas que as pessoas racham de rir. Já falei que estava em rehab, que a empresa me ofereceu milhões, que estou fugindo da minha família que quer roubar minha fortuna, que sou procurada pela polícia ou que gosto do ar puro do campo (?) que sou filha ilegítima do Aécio Neves, que sou uma espiã dentro da corporação, que sou lésbica e tenho 3 namoradas e minha família não aceita minha relação com as moças, e como quase todos sabem da história de amor que transpassou barreiras geográficas é muito engraçado inventar uma versão por dia. Aliás tudo o que é engraçado acaba me puxando e mesmo em um mau humor terrível quando vejo estou fazendo as pessoas rirem do "você vai cagar sangue se comer essa coisa no restaurante". Ou do meu drama de não ter dinheiro para comprar sapatos que é mais ou menos assim: Não ligo de não ter dinheiro para comprar comida, o que me incomoda são os sapatos, quando vejo alguém com um par novo meus olhos são capazes de descolar as solas de tanta inveja. Ou que não tenho dinheiro para comprar anéis de ouro maciço até o nó dos dedos. As pessoas sabem que não sou superficial assim, por isso é engraçado. Ou quando falo que gosto de ir trabalhar de ônibus porque isso me deixa mais humana, ou que não vou lanchar para não dar apoio ao capitalismo. Que engordei porque estou sempre em plena expansão. Que a melhor forma de evitar filhos é usar aquele uniforme. Que ao contrário de todo mundo adoro cagar no banheiro da empresa como um tipo de vingança mal cheirosa, Coisas do gênero pra pior. Mas tem uma coisa que acho a melhor de todas, as pessoas normalmente gostam dos meus perfumes e maquiagens(é óbvio porque eles são caros cheirosos e tomo banho deles, bom nem todos são caros acho que a maioria nem é, enfim, como estou sempre intercalando um ou outro tem sempre uma pândega perguntando o nome, se gosto da pessoa falo qual é - o mais comentado é sempre o Ô D´azur da Lâncome e minha necessárie é o sonho de muitas mulheres 99% das coisas já existiam no Rio. Se eu ficar um ano sem comprar uma maquiagem ainda tem estoque. Se eu passar todos os meus batons inclusive nos lábios vaginais ainda tenho para os próximos 70 anos. Voltando, elas perguntam, se gosto da pessoa digo qual é até se for da Avon ou de farmácia - não tenham preconceitos girls, mas quando não gosto da pessoa invento que é um cheiro bem cafona, ou melhor de todas, invento um nome que não existe de uma marca obscura tipo: Que perfume é esse Cristal? É o Fatal Energy Mirror i´m going now honney de Mina Carbone Switz, tem que ser nome grande para as pessoas não gravarem. Enquanto isso fico dando gargalhadas internas eternamente.

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