16 março 2013

Uma mensagem a todos.

Carol, Afrodite, Aline, todos que me lêem, apoiam e estão preocupados comigo. Não tenho respondido a coments não tenho querido falar sobre nada disso. Exceto que o que eu falo aqui e saio correndo, pois esse blog é uma válvula de escape sem fim. Vocês estão preocupados com razão, estou chafurdando em uma situação que não sei o que fazer. Simplesmente não sei. Não quer dizer que não aceito ajuda, só perdi a razão de procurá-la e querê-la. Ajuda do que e pra que? Tudo retorna ao início. É isso que minha cabeça fala. Já fiz terapia. Aqui, tudo começou com problemas de adaptação, falta de amigos (para falar das coisas da vida de verdade não pra jogar conversa fora no horário do almoço) uma ruptura com minha antiga terapeuta, mudança de estado, de responsabilidades, de relacionamento (se vocês acham que meus problemas com Marcos se resumem a problemas relacionais, ciúmes e mimimi o caso é muito mais profundo que isso, inclusive por isso a minha vinda pra cá, a situação que ele passou foi grave é grave, mas não posso abrir a vida dele dessa forma aqui). Existe uma coisa na minha família que é cada um por si, e foi assim que tentei. Eu tentei durante muito tempo e nos últimos meses foi como se uma torneira tivesse aberto e se esvaindo todas as minhas convicções sobre o que eu queria ou poderia fazer para "melhorar essa situação". E parei para poder observar, isso era o que pensava, mas parei porque não sabia ou não queria mais andar pra lado nenhum. Comecei a ter a plena convicção que o mundo é uma merda, que ninguém me ama ou se importa, que sou feia, burra, incapaz no meu trabalho e só queria fugir disso tudo. Cheguei a tomar remédio para dormir dias e dias seguidos. Depois me encher de café para não ficar grogue durante o dia, isso quando não tomava um comprimido estimulante. Cheguei a tomar quatro pílulas de sei lá o que, só pra não ter que enfrentar a realidade. Desde segunda-feira não tenho tomado nada além de café, mas é por vício mesmo. algum efeito rebote dessa mistura de calmantes também pode ter piorado a minha situação. Não enfiei a cara na cachaça porque minha mãe e meu pai são alcoolatras. E quem tem um alcoolatra na família sabe o medo de ficar igual. E olha que bebo. Mas não naquela proporção anterior porque sempre bebi recreativamente, uma ou outra vez para dar uma relaxada, mas não para fugir exatamente. A realidade compulsiva das compras, das dívidas, dos problemas com Marcos, da falta da família, da minha pressão no trabalho quando minha vontade era só fugir. Comecei a delirar que minha vida era perfeita antes, mas claro que sei que nunca foi perfeita. Comecei a entrar no casulo da auto depreciação, da solidão (porque não quero falar om ninguém) e só queria que ALGUÉM me tirasse de lá de dentro, nem que fosse a força, e no fim isso se tornou minha vida como um todo, fugir das pessoas. Voltar a fumar mais e mais, tanto que só me dou conta quando olho o cinzeiro lotado. E também comecei a ter delírios engraçados que de engraçados só tem o relato mesmo que na hora é uma merda. Que Marcos gosta de outra mulher, que nunca gostou de mim. Que minha vinda estragou tudo. Que minha família nunca gostou de mim, que meu corpo é horroroso, minha cara é feia, que sou tão burra que não sei a diferença de um disjuntor para um interruptor. Só que tem um probleminha aí, como um alcoolatra funcional, funciono, vou trabalhar e duvido que além da Alba e do Marcos, (além de vocês que lêem) qualquer pessoa teria notado alguma diferença. De vez em quando eu rio, trabalho normalmente, arrumo minha casa (as vezes hahahaha), vivo a minha vida, leio, vou ao mercado, enfim. Eu perdi toda a vontade de fazer as coisas, até meu olhar ficou vago, porque só tinha opções ridículas pensar aquilo lá em cima (ninguém me ama e tals) ou me encher de remédios que não são pra mim - exceto o Bup, ou tentar, e eu tentei e vocês não fazem ideia do quanto. As vezes comer era um esforço. Levantar da cama em um final de semana era comparado a travar uma batalha entre países. Trabalhar era mais uma distração do que um fim em si, eu que era a capacidade em pessoa. Questionei durante muito tempo se era essa eu mesmo. Chorei durante o último final de semana inteiro. Parava levantava, fumava e chorava. Chorava porque não queria mais ser esse poço de fazer tudo. Porque esqueci o tudo. Porque não havia porque fazer as coisas, porque eu fiz muita coisa e deu nisso. Nessa minha vida atual. Achei que se eu parasse de lutar a vida jamais me bateria novamente, alguém enfim cuidaria de mim. Entrei em outra crise. Não tenho filhos, nunca terei uma família, ninguém nunca vai casar comigo, eu tenho um problema! As pessoas não querem ficar perto de mim! Detalhe que eu nem queria isso, eu nem queria filhos! Aí tive outra crise, eu não quero mas quero a opção de não querer. Enfim, se eu for contar todas as espirais que já entrei e saí VOCÊS enlouqueceriam. Foi um sacrifício. A gente não acorda um dia e pensa "olha acho que estou depressiva bipolar sei lá que nome médico e vou procurar ajuda" a gente empurra o máximo, não quero ser diagnosticada com algum problema psicológico não que eu não SAIBA, eu só não quero lidar com MAIS isso, tudo o que queria era superar. Mas eu nem sei o que é isso! Eu nem sei o que está acontecendo comigo! Mas eu sei que tem algo errado e estou disposta a mudar isso. Se for procurar ajuda. É isso que farei. O que vocês me indicam?

7 comentários:

Ana P. disse...

tenho acompanhado em silêncio sua dor porque infelizmente eu também tenho sofrido em silêncio.

e como companheira de dor (não a mesma dor, mas é dor do mesmo jeito), tudo o que posso te dizer é que só você vai saber o momento certo de pedir ajuda. é igual forçar alguém alcólatra ou drogado a procurar ajuda. vc tem alcólatras na família, vc sabe que não é fácil. se a pessoa NÃO QUER, não tem como obrigá-la.

então é isso. procure ajuda quando vc estiver pronta a recebê-la. e nessa hora pode ter certeza que vc vai saber a quem procurar.

e como sempre, se houver algo de concreto que possamos fazer, estamos aqui pra ti.

beijos, lindona!

Felicia disse...

Cristal, sinceramente, não sei. Não sei o que indicar. Posso te contar o que aconteceu comigo: quando passei uma fase brabeira na minha vida, a sensação que eu tinha era a de estar fechada num espaço físico muito pequeno, escuro, onde eu não podia me movimentar - como uma caixa escura, onde só havia paredes à minha volta. Eu não via nenhuma abertura nesta caixa ou caixão, nada, nenhuma fresta de luz, mas eu SABIA que havia uma saída. Era meio que um mantra, eu me dizia: “caraca, já superei perrengue muito maior que este, então sou capaz de superar este também. “
Foram meses assim, eu ia trabalhar, atravessava a barca RJ-Niterói chorando, trabalhava chorando, voltava pra casa de barca chorando (tanto que já era quase um "personagem" conhecido dos viajantes habituais), dormia chorando. Nos finais de semana, dormia até tarde, só saía da cama para ir ao banheiro, tomar banho, comer alguma coisa, e ficava trancada no meu quarto. Eu não sei como foi, um domingo resolvi sair, fui caminhar na praia de Icaraí, e o dia, lindo. Não teve solução mágica, talvez tenha sido só o sol, ou só ter tempo para olhar a beleza do dia, não sei, sei que comecei a melhorar, depois fui a um médico, (homeopata) e fui melhorando, devagar e devagar. Processo de depuração, era como eu pensava na época... Acho que o que me ajudou foi ter a consciência (acho que é o que chamam de fé) de que havia uma saída, embora eu absolutamente não a visse.
Cara, tô torcendo muito pra que com vc seja assim também, mesmo, mesmo, mesmo: que você encontre a sua saída, ou melhor, a sua melhor forma de caminhar. Acho que é bom que saiba que tem gente do outro lado do mundo mandando energia positiva, pensando em você com carinho, te desejando o bem. Fica bem, a saída vai aparecer, vc vai ver.

Andréa disse...

Oi, linda. Bem, tenho cinquenta anos e já te disse várias vezes que você me lembra eu mesma no passado. Era assim, mesmo, que nem que, sem tirar nem por. Sozinha, me jogando em tudo o que acreditava. Viver assim nos dá a satisfação de saber que somos fortes (sim, porque você é), mas tem seu preço e é alto. Às vezes, a gente se sente assim, no fundo de um buraco escuro, fumando que nem uma chaminé (sim, eu também fumava). E vou repetir o que Ana P. disse: você saberá a hora certa de pedir ajuda e a quem. No meu caso, tentei de tudo o que passava pela minha cabeça: livros de auto-ajuda, terapia com psicóloga, terapia com psiquiatra, anti-depressivos receitados, exercícios físicos, caminhar ao sol todas as manhãs, frequentar missas aos domingos, ler o Livro dos Espíritos, conversar com amigos, até que, aos poucos, saí daquele poço. Tudo o que fiz foi bom e me ajudou (lógico que você é que é a sua mola, você é que se dará o impulso necessário para sair dessa, mas tudo ajuda, mesmo).
A boa notícia é que, hoje, mais madura, levo minha vida do jeito que gosto e sou muito feliz, tenho uma profissão que adoro, tenho filhos que amo demais e um marido super gostoso e carinhoso. E sei que devo essa felicidade, principalmente, a mim mesma, por ter tido coragem de me lançar, de viver, sempre, da forma que achava que deveria viver. Posso dizer que sou muito mais feliz, mais realizada e mais satisfeita com a vida do que a maioria das pessoas que conheço. Claro, fui eu quem escolhi, em grande parte, a minha vida. Levei muita pedrada, muita paulada na cabeça, mas tudo, tudo valeu a pena. E eu pagaria o preço novamente, só pela liberdade de fazer a minha vida ser como eu queria.
Por tudo isso, posso te dizer, como uma espécie de você amanhã: você está no caminho e o caminho, muitas vezes, é espinhoso. Reaja, procure, sim, ajuda e tenha certeza de que você está, apenas, passando por ajustes, dolorosos, mas passageiros. Chore, ria, mas procure seu equilíbrio,porque você tem muito chão pela frente. E tenho a certeza, por tudo o que vejo em você, que tudo vai dar certo pra você. E não estou falando só pra te levantar, não.

Andréa disse...

Ah, e ouça a música que é feita para pessoas como eu e você: My Way. Preste atenção na letra, principalmente nessa parte: "Yes, there were times, I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew. But through it all when there was doubt. I ate it up and spit it out. I faced it all and I stood tall
And did it my way."
Beijo pra você.

℘αły disse...

boa tarde cristal.meu nome é paty e conheci seu blog esses dias atraz e te achei interessante e diferente dos blogs que sigo e resolvi te acompanhar pra saber como vc vai andando nessa caminhada que se chama vida,fiquei curiosa,então costumo seguir mas nunca comento,gosto de ler me divirto muito com vcs nessa blogosfera,mas lendo hj seu blog me deu vontade de te falar alguma coisa,hj estou afastada dos caminhos do senhor ,mas conheço o evangelho e tbm ja passei por algumas das coisas que vc tem passado e msm que vc não acredite o unico caminho pra nossa felicidade é jesus cristo,nosso unico e suficiente salvador,ele morreu na cruz pra que rivessemos vida e vida com abundancia.então procure falar com ele,conte pra ele tudo que tem passado,todas as suas tristezas,tudo que tem afligido sua alma,e tenha certeza que ele te ama e quer que vc seja feliz.
e eu tenho certeza absoluta que ele vai te ajudar
então é isso...
tenha um bom fim de semana
desculpe qualquer coisa mas mesmo que não te conheço só de ler sua historia de vida me sentir um pouco sua amiga,e amigos se preocupam com amigos
bjosss paty

Aline disse...

Eu concordo um pouco com cada um aqui. Todo mundo já teve uma fase de enlouquecer. A minha foi quando me separei. Os porques eu falo outra hora se quiseres, mas foi tenso. Eu não dormia, não comia, não fazia nada. Fumava que nem uma alucinada e fazia faxinas míticas as 3h da manhã (vizinhos A-DO-RAN-DO a barulheira). Meu trabalho tb era a minha maneira de me distrair do marasmo que eram meus dias. Chegar em casa era pra chorar e sentir pena de mim mesma. Desenvolvi síndrome do pânico, afastei pessoas que me queriam bem e me tornei alguém que eu não suportaria estar perto. Só fui fazer terapia pq não aguentava mais tanta instabilidade. Na realidade eu nem sei se foi isso que me tirou do poço em que eu cavava e me jogava diariamente. Foram muitas coisas que me ajudaram, mas saber o que eu tinha, ouvir que meu corpo estava em desequilíbrio químico e isso me fazia sentir as coisas surreais que eu sentia me fez ver uma luzinha no fim do túnel. Dá preguiça ver que é mais um problema a ser resolvido, que nem a nossa cabeça sabe como funcionar e nem nosso corpo sabe o que produzir. Mas passa. Assim como cada vez que tu acordas e pensa que esse dia vai ser melhor e que todos os pensamentos e medos e nóias de ontem já acabaram, mas conforme o dia passa eles vão voltando e a gnt se sente meio boba de acreditar ser capaz de sair desse turbilhão. Passa. Uma hora passa. Mas vais ter que descobrir como. Correndo, gritando, fyumando, matando, enfim... alguma válvula de escape tem que ter. E nesse caso eu indicaria um ótimo terapeuta, com licença pra dar remedinhos se precisar. Por mais que toda essa conversa soe um grande clichê e blá blá blá, alguma solução tem aqui :) Beijos

Afrodite disse...

Amiga,
Acho que tanto a Smart Girl qt a Aline já te disseram coisas que eu diria.
Mas como vc pediu ajuda eis a minha:vá a um bom psicólogo.Um que vc se sinta a vontade de contar tudo o que coloca aqui nesse blog.Um que não seja seu conhecido mas que te deixe a vontade pra se expor,se mostrar de fato.
Olhando de perto,ninguém é normal.Pq vc seria a única que enlouquece vez ou outra?
Tb já fui sozinha,já levei minhas quedas(que me colocaram no mesmo buraco que vc se encontra) mas apenas quando busquei ajuda é que vi as coisas se acertarem.Claro,que houve tb um pouco de ajuda própria.Ninguém consegue NADA se não quiser primeiro!
O seu vazio só pode ser preenchido por vc mesma.É ilusão achar que um marido/namorado,filho,pai,mãe,familiares irão preencher por vc!Enquanto vc não enxergar esse fato,a sua felicidade estará comprometida.
Trabalho tb não é tudo na vida.
A primeira pessoa que deve ser amada por vc é vc mesma!
Sua autoestima precisa ser reprogramada,e um bom terapeuta tem as ferramentas pra te ajudar a reconstruí-la.
Sei que escrevo pra caraí...desculpa!
Mas te reitero que escrevi em um dos meus comentários:queria muito que alguém me alertasse e me mostrasse uma saída qd estive em seu lugar!
Tudo isso não passará de lembraças um dia,quando vc olhar pra trás,e te tornará mais sábia que a maioria das pessoas.Tenha cautela apenas com aqueles que se dizem 'amigos' mas são vampiros e querem apenas sugar tudo que vc tem a oferecer.
Seja seletiva com tuas escolhas.São elas que nos tornam quem somos.
E um último adendo:FALAR É FÁCIL,VAI VIVER A MINHA VIDA PRA SABER O QT É FODA!
Lembre-se desse último,SEMPRE!
Se precisar de mim,sabe como e onde me achar,né?
Beijo
Afrodite