14 abril 2013

Apartamento.

Cada dia se perde um pedaço, não tenho mais vontade de decorar esse apartamento, como outras coisas na minha vida ele se tornou temporário, para que ficar enfeitando e olhando sites se nem sei se estarei aqui amanhã? Posso me mudar para qualquer lugar em qualquer momento, levando em consideração minha atual situação financeira e psicológica.

Ficar pensando em onde colocar isso ou aquilo aqui era uma distração maravilhosa, entrar em sites de decoração ou como fazer isso ou aquilo que adorava ficar olhando não tem mais graça, mas já o considero bonito do jeito que está, tem quadrinhos nas paredes, plantinhas e enfeites de efeito, então chega. Eu achava na minha cabeça que só sairia daqui quando achasse algo muito melhor ou quando fosse meu próprio, mas me enganei pela enésima vez, então vem a obrigação de começar a simplificar as coisas, quanto menos se tem... menos se tem para carregar. Claro que não pensei nisso no meu sonho dourado, mas ninguém pode me acusar de ser uma sonhadora.

Veio a necessidade de começar a desentulhar esse apartamento já que não farei mais nada, nem os armários da cozinha serão revestidos de nada bonitinho como eu queria (queria ter adesivado tudo de bolinhas colorias), tudo ficará do jeito que está.

Com essa sensação de mais uma perda, apesar de ainda morar aqui, sei que não será eterno porque troquei meu sangue por aço líquido e não vou poder arcar com esse custo sem nenhum benefício além de morar aqui, pra quem não entendeu ainda não vim para Minas para decorar apartamento, vim porque tinha um monte de outras coisas envolvidas, essas coisas saíram do envolvimento com as próprias pernas, diga-se Marcos, e aí sobrou eu o apartamento, as contas, o trabalho e mais nada. Aí temos as seguintes perguntas: Volto pro Rio ou procuro algo mais barato aqui? Se eu tivesse dinheiro para uma mudança para o Rio fora a pintura do apartamento e o aluguel lá e o seguro fiança e o nome sujo e uma dívida que hoje bate 6 meses do meu trabalho, se não gastar com nada, poderia pensar nessa hipótese com mais afinco, mas não dá nem pra pensar ou ficarei literalmente maluca e o fato de permanecer, só que em outro lugar, vem da vontade doente de continuar tentando algo que estou tentando sozinha, sabendo disso.

Fico extremamente angustiada de ter que pensar nisso ou decidir isso tudo sozinha, porque quando vim eu decidi sozinha, mas tinha apoio e agora não tem nada, só pessoas para julgar e criticar e me relembrar das minhas escolhas.

Eu nem falo o que dói mais se é ir ou ficar porque me recuso a sentir qualquer dor, vim,  mudo, volto, faço o que quiser, porque não faz diferença para ninguém além de mim.

Deprimi achando que poderia fazer alguma coisa da minha vida, para depois lembrar que só poderia fazer isso mesmo... algo por mim, foi a maior viagem na maionese achar que poderia fazer algo por qualquer outra pessoa além de ieu.

Não me arrependo de nada que fiz, arco com as consequências, até porque ninguém quer dividir comigo mesmo mas sinto muito por sem querer não ter feito os cálculos certos, ficar sem dinheiro, sem ver minha família, e envolta em contas e tendo que alugar ouvidos de estranhos para alguém me ouvir.

Sabe eu não me sinto nem triste (apesar de querer ir para debaixo do cobertor chorar), sinto por ter acreditado em alguma coisa que não poderia ter realizado sozinha, mas achei que.
Eu me sinto tão sozinha e tão alienada, tão sem rumo, perdida e tendo que fazer as coisas.

Puxa, eu já li e ouvi que precisava de ajuda médica, que precisava arrumar minha vida, que era melhor eu voltar, eu ficar só que ninguém quer fazer nada além de falar, aí sou obrigada a me fechar na minha conchinha e pensar no que de melhor posso fazer sozinha e sem dinheiro.

Mesmo sem querer já comecei a me despedir das coisas, das paredes amadas, dos meus enfeites queridos, da minha linda cama (que é do Marcos) da minha cozinha, porque vai acabar acontecendo, só não sei quando, nem pra onde. Não me dou mais o direito de amar as coisas que vivo perdendo, é como se cada vez que conseguisse uma coisa, essa mesma coisa me fosse retirada, isso é cansativo, deprimente e sem lógica. Não deixei de desejar as coisas, mas estou dando um tempo de querer, querer demais, lutar demais, perder demais, tudo se baseia nisso.

É chato ter que fazer qualquer coisa, para ter que desfazer depois.

















Um comentário:

Alexandre disse...

O que eu fiz foi voltar a estaca zero, com 25 anos voltei para casa dos meus pais depois de fracassar no rio. Tudo que conquistei dos 18 aos 25 virou fumaça. Vendi até meu carro e fiquei andando de busão por um tempo.

Só que nunca cheguei a ter dividas. Enlouqueço bem antes quando percebo que estou gastando mais do que ganho. Isso torna meu estilo de vida insustentável. Piro nesse momento, não consigo nem dormir mais até bolar um plano para sair dessa.

Bom, isso é muito mas muito mesmo simplificado do que rolou, a história completa tem vários desdobramentos, pois não só fui ajudado pela minha família, como ajudei bastante também. Acho até que eles se deram melhor que eu no final das contas, pois abri mão de muita coisa para ajuda-los.

Deu tudo certo no final das contas, tenho até dois carros agora, heh. Contra todas as possibilidades.