21 abril 2013

Escrita não escrita.

Texto que ganha a luz do dia, não foi escrito hoje, foi escrito e ficou vagando aqui, agora ele vai ver a luz do blog.
Não é meu estado de espírito de hoje, mas é um texto bacana na minha opinião, é igual filho, é feio pra caralho mas toda mãe acha lindo!






A gente escreve, escreve, escreve, faz um texto enorme... cheio de risos, lágrimas e explicações, depois percebe que tudo já foi escrito, apagado e reescrito e como não foi a mão, caneta e papel, fica só a imagem mental de rasgar e jogar fora, no computador a gente deleta com aquele fingido dar de ombros, a mente cala com a certeza que tudo já foi dito e com a mesma indiferença recebida, levanta-se e vai embora.
 
Percebe-se que a mente voeja pelo nada, pela primeira vez em anos, com o branco a se preocupar a encher ou a sonhar, existe uma paz no vazio, na não espera, no não esperar.
 
Ansiar demais é viver com fome, uma fome que nunca acaba, alimentada pelas expectativas que jamais serão supridas, de repente e não por vontade própria, um grande buraco se abriu, fui eu que escavei... com minhas próprias mãos, não se enche o que já está cheio, só se enche e preenche o que está vazio. O cheio transborda sem ficar com o que está dentro, querendo assimilar o de fora enquanto o que já existe luta para permanecer.
 
O caos só se instala onde há muito e vejo a opção de nada ter, imaginem que não estou brigando com nada que a maioria está, não tenho problemas familiares, com carro, com relacionamento, com filhos, porque não tenho nada disso, minhas preocupações são: dinheiro para pagar o aluguel, me manter no meu trabalho, me manter viva. Só.
 
De repente o quadradinho que tem as marcas dos pés que andam pra lá e pra cá, está enorme, porque não tem mais lugar para caminhar, minha cabeça enfim calou-se de perguntar o que ninguém quer responder, tudo virou um grande eco de quem pergunta e só recebe a própria pergunta de volta.
 
Não existe capacidade de perceber beleza onde não há, de achar poesia na feiúra, no sofrer. Como um recipiente vazio e empoeirado permaneço, com meus sonhos sendo vendidos na promoção, pois ninguém quer comprar, uma vida não compartilhada virou só uma vida reservada.
 
Não existe medo de nada dar errado, já deu, já foi assinado e assassinado, com e sem testemunhas. Porque nada dá certo ou errado na verdade, é tudo uma questão única de perspectivas. 



Um comentário:

Nádia Galdino disse...

"O cheio transborda sem ficar com o que está dentro, querendo assimilar o de fora enquanto o que já existe luta para permanecer": me identifiquei MUITO