10 abril 2013

Qualquer título serve.

Bom, eu queria arrumar uma solução para o problema do cartão, mas não achei, então é se fuder em juros e só fico puta porque nem é muito dinheiro, aliás é praticamente uma merreca.

Hoje deixei que o samurai das vendas entrasse no corpo de vez e fiz a merda que sempre faço - fato, o famoso "manda pra mim" sou reconhecida internacionalmente por aceitar QUALQUER tipo de cliente, aliás quanto mais fudido for o meliante, mais fácil ele me amar, só descobrir o que ele precisa e normalmente é só atenção, difícil, chato, mau educado, que nunca compra, enrolado, leiloeiro, enfim, manda pra mim que assumo essa merda. Tem um tipo que sempre me acompanha, é o elefante azul, não existe, mas ele quer que eu pinte um pra ele, ou mando pintar e mando mesmo, ou convenço ele que um elefante normal dá conta do recado, mas até isso acontecer são muitas horas de dedicação, depois é só colher a grana que entra.

Tem o desconfiado que acha que TODO MUNDO PASSA A PERNA NELE, TODO MUNDO NO MUNDO, sempre tem um preço melhor ou prazo ou qualquer merda ou tudo jundo, esse também manda pra tia Cristal que a gente educa ele.

Tem o tipo que tudo dele é para a meia hora que passou, convenço a ele que tenho a máquina do tempo retorno no tempo e resolvo o problema dele. A maioria dos compradores da minha linha não entende do que compra, eu mesmo não entendo - mentira, mas é muita informação então ele quer é passar a bola pra frente, por isso que quando o cara-mocinha-véio-traveco passa a confiar em mim, eu viro a melhor de todas.

Hoje finalizei uma venda para uma empresa que ninguém queria nem tocar e foi um valor alto que nem deu trabalho o único trabalho real que deu foi INVESTIGAR o problema, problema investigado em 4 e-mails e 3 pessoas envolvidas. Só. Agora é só entregar.

Eu acho interessante relatar isso porque o mais difícil é o mais fácil, sério, imagina o seguinte, vou exemplos, não são exemplos REAIS são figurativos: Tem a Petrobras, a Petrobras é a mina de ouro que todo mundo quer entrar, Vale, grupo Votorantim (nem é mais minha especialidade, mas vamos aos fatos) eu e mais meio milhão de pessoas estão tentando vender para essas pessoas, posso ter o melhor preço ou uma condição diferenciada, mas muitas vezes não tenho influência para entrar no círculo dourado, e fico ali um ano esperneando até que vendo 10 mil reais. Opa é dinheiro.

Tem o seu Zé da esquina, todo mundo odeia ele, ele é o dono de uma pequena metalúrgica, chato, mandão, quer sempre chorar preço, enche o saco, troca material, mas ele compra 3 mil reais mensalmente o que no final do ano deu 24 mil, 14 mil a mais do que a Petrobras. Muitas empresas grandes são só promessas de um círculo que você JAMAIS entrará, então minha carteira de clientes sempre tem seu Zé, porque alguém tem que aguentar ele, e tem os grandões para engordar o porco. Então eu me mato de trabalhar por isso, porque os seus Zés também são muitos e ninguém liga pra eles, na maioria das vezes você tem UM concorrente, você manda uma caneta de brinde para o seu Zé e ele te ama pra sempre.

Tem o fato de empresas grandes demais terem pessoas demais para decidir o óbvio. A máquina está pegando fogo, precisa comprar cabo, mas 14 pessoas precisam assinar a requisição, mais 30 para liberar, mais 50 para autorizar... você já pegou a idéia, e tem empresas que o comprador resolve tudo, é nessas que foco bastante também.

Tem o estagiário de compras inseguro, que só precisa de INFORMAÇÃO, quando me disponho a mandar TUDO o que ele precisa para ter certeza que está fazendo o certo, a venda é praticamente minha.

Claro que atendo grandes clientes, deles vem o gordão, mas não é diário, mas o dia a dia, vem desses e muitos outros, tem gente que não dá a mínima para o pessoal da instalação, manutenção, operários e se eles me ligam falando coisas sem nexo, vou anotando e ajudando... algumas pessoas acham que telefone tem olho e que estou vendo a peça que eles estão me explicando, e entro na dele até ele ter absoluta certeza que vi o que está tentando me mostrar.

Eu realmente gosto de ser vendedora e tenho muito saco para meus clientes, o que impressiona é que quando desligo o telefone, toda essa paciência se esvai e o capeta adentra o corpo, se meu cliente precisa, perco até o senso hierárquico e sou capaz de pedir meu gerente para enfiar uma peça de 30 reais no carro e levar para o cliente, quando aconteceu de tipo "mas é uma peça de 30 reais" eu olho friamente e falo: mas quando ele comprou 50 mil todo mundo se virou em caminhão né? Por isso que acho minha vida profissional tão bizarra.






















Um comentário:

Alexandre disse...

Rá, também sou desses que dá atenção para quem é ignorado. Pego um funcionário alienado ou conformista e dou um pouco de atenção, escuto suas ideias, levo para frente seus projetos e o trato com importância. Tem que por um pouco de revolta nessas pessoas para elas melhorarem o que está ao seu redor e ao mesmo tempo a sí próprias.