Bom, eu queria arrumar uma solução para o problema do cartão, mas não achei, então é se fuder em juros e só fico puta porque nem é muito dinheiro, aliás é praticamente uma merreca.
Hoje deixei que o samurai das vendas entrasse no corpo de vez e fiz a merda que sempre faço - fato, o famoso "manda pra mim" sou reconhecida internacionalmente por aceitar QUALQUER tipo de cliente, aliás quanto mais fudido for o meliante, mais fácil ele me amar, só descobrir o que ele precisa e normalmente é só atenção, difícil, chato, mau educado, que nunca compra, enrolado, leiloeiro, enfim, manda pra mim que assumo essa merda. Tem um tipo que sempre me acompanha, é o elefante azul, não existe, mas ele quer que eu pinte um pra ele, ou mando pintar e mando mesmo, ou convenço ele que um elefante normal dá conta do recado, mas até isso acontecer são muitas horas de dedicação, depois é só colher a grana que entra.
Tem o desconfiado que acha que TODO MUNDO PASSA A PERNA NELE, TODO MUNDO NO MUNDO, sempre tem um preço melhor ou prazo ou qualquer merda ou tudo jundo, esse também manda pra tia Cristal que a gente educa ele.
Tem o tipo que tudo dele é para a meia hora que passou, convenço a ele que tenho a máquina do tempo retorno no tempo e resolvo o problema dele. A maioria dos compradores da minha linha não entende do que compra, eu mesmo não entendo - mentira, mas é muita informação então ele quer é passar a bola pra frente, por isso que quando o cara-mocinha-véio-traveco passa a confiar em mim, eu viro a melhor de todas.
Hoje finalizei uma venda para uma empresa que ninguém queria nem tocar e foi um valor alto que nem deu trabalho o único trabalho real que deu foi INVESTIGAR o problema, problema investigado em 4 e-mails e 3 pessoas envolvidas. Só. Agora é só entregar.
Eu acho interessante relatar isso porque o mais difícil é o mais fácil, sério, imagina o seguinte, vou exemplos, não são exemplos REAIS são figurativos: Tem a Petrobras, a Petrobras é a mina de ouro que todo mundo quer entrar, Vale, grupo Votorantim (nem é mais minha especialidade, mas vamos aos fatos) eu e mais meio milhão de pessoas estão tentando vender para essas pessoas, posso ter o melhor preço ou uma condição diferenciada, mas muitas vezes não tenho influência para entrar no círculo dourado, e fico ali um ano esperneando até que vendo 10 mil reais. Opa é dinheiro.
Tem o seu Zé da esquina, todo mundo odeia ele, ele é o dono de uma pequena metalúrgica, chato, mandão, quer sempre chorar preço, enche o saco, troca material, mas ele compra 3 mil reais mensalmente o que no final do ano deu 24 mil, 14 mil a mais do que a Petrobras. Muitas empresas grandes são só promessas de um círculo que você JAMAIS entrará, então minha carteira de clientes sempre tem seu Zé, porque alguém tem que aguentar ele, e tem os grandões para engordar o porco. Então eu me mato de trabalhar por isso, porque os seus Zés também são muitos e ninguém liga pra eles, na maioria das vezes você tem UM concorrente, você manda uma caneta de brinde para o seu Zé e ele te ama pra sempre.
Tem o fato de empresas grandes demais terem pessoas demais para decidir o óbvio. A máquina está pegando fogo, precisa comprar cabo, mas 14 pessoas precisam assinar a requisição, mais 30 para liberar, mais 50 para autorizar... você já pegou a idéia, e tem empresas que o comprador resolve tudo, é nessas que foco bastante também.
Tem o estagiário de compras inseguro, que só precisa de INFORMAÇÃO, quando me disponho a mandar TUDO o que ele precisa para ter certeza que está fazendo o certo, a venda é praticamente minha.
Claro que atendo grandes clientes, deles vem o gordão, mas não é diário, mas o dia a dia, vem desses e muitos outros, tem gente que não dá a mínima para o pessoal da instalação, manutenção, operários e se eles me ligam falando coisas sem nexo, vou anotando e ajudando... algumas pessoas acham que telefone tem olho e que estou vendo a peça que eles estão me explicando, e entro na dele até ele ter absoluta certeza que vi o que está tentando me mostrar.
Eu realmente gosto de ser vendedora e tenho muito saco para meus clientes, o que impressiona é que quando desligo o telefone, toda essa paciência se esvai e o capeta adentra o corpo, se meu cliente precisa, perco até o senso hierárquico e sou capaz de pedir meu gerente para enfiar uma peça de 30 reais no carro e levar para o cliente, quando aconteceu de tipo "mas é uma peça de 30 reais" eu olho friamente e falo: mas quando ele comprou 50 mil todo mundo se virou em caminhão né? Por isso que acho minha vida profissional tão bizarra.
10 abril 2013
Qualquer título serve.
Quem escreveu? Dois cigarros e um café. at 17:03
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Um comentário:
Rá, também sou desses que dá atenção para quem é ignorado. Pego um funcionário alienado ou conformista e dou um pouco de atenção, escuto suas ideias, levo para frente seus projetos e o trato com importância. Tem que por um pouco de revolta nessas pessoas para elas melhorarem o que está ao seu redor e ao mesmo tempo a sí próprias.
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