29 novembro 2015

Depression

Uma coisa interessante na depressão é que ela é cheia de mimimi, você faz uma coisa que teoricamente tem conserto e pá, de respente além de não tem conserto começa a achincalhar sua vida.

Briguei com Marcos, tá casais brigam, eu tive uma semana horrível, literal, depois disso foi o espiral direto pro inferno... ele não vai mais me amar, sou uma pessoa desequilibrada, nunca mais ficarei próximo de boa, serei sempre um material com defeito, serei radiotiva... as pessoas que chegarem perto de mim irão ficar contaminadas com minha doença tóxica, todas passarão a se sentirem um lixo como eu e se afastarão, não terei emprego, yadda...

Marcos ficou de bem, me convidou pra ir pra casa dele, mas eu já estava tão mal que considerei muito melhor ficar em casa e tomar dois remédios para dormir, afinal dormir não implica nada, não implica sentir vergonha, impotência, dormir é a semi morte, depois não quis ir a rua, já tinha cigarros! Dormi sem tomar banho, comi qualquer coisa, perambulei pela casa pensando qual o sentido disso tudo? Fiquei deitada somente, sem chorar, só esperando que o tempo desse um salto direto para o dia da minha morte. 
Não desejo morrer, só não desejo estar viva a maior parte do tempo, não desejo sentir, não desjo ser a pessoa que um dia eu fui, minha vida não tem sentido, não tem um "para onde ir" esses dias me perguntaram qual era meu maior sonho e só pensei "chegar viva ao fim do dia de hoje" e não respondi. 

Desejo ter uma casa? Não sei. Me casar? Não sei. Trocar de emprego? Não sei. Ter um carro? Não sei. Ter dinheiro? Não sei. Eu nunca sei de nada. Sou incapaz de decidir qual hamburguer pedir, qual roupa usar, meu mundo é restrito onde só existe eu e minha depressão, ninguém entra, ninguém sabe, ninguém se dá conta.

As vezes eu tenho um vislumbre, me agarro a ele e fico semanas pensando em como seria ser bom se só uma pessoa vivesse dentro de mim, de como queria que minha cabeça fosse confiável. 

Algum instinto de sobreviência me impede de encher a boca de sonífero e dormir... dormir.... sem ter que acordar, quando penso nisso logo vou fazer algo divertido que consiste deitar e ler, ou fechar os olhos e pensar que minha vida é totalmente diferente.

Morro de desgosto de fazer mal a minha família quando penso em desaparecer, sempre penso na minha mãe, as vezes no Marcos porque a vida dele seguiria normalmente, mas a minha mãe... puxa ela só tem uma filha! Em mim eu nunca penso, se existe algo depois de dormir, se sofreria alguma retaliação do além porque eu já sofro de algo inexplicável.

Tomo meus comprimidos, que dão algum fôlego para aguentar mais algumas horas, as horas que ficarei sozinha e poderei dormir, que não precisarei fingir que estou melhorando que precisarei sorrir. Vou a médica, minto, pego mais uma receita e gasto uns 200 reais de remédio para mais um mês. Minha dieta se resume a iogurte e qualquer coisa pronta, não gosto que me toquem, não gosto de falem comigo, meu esforço é que me torne invisível aos poucos até que fique definitivamente.

A depressão não me tirou nada, exceto eu mesma.






3 comentários:

Patty disse...

Pqp.... como vc consegue? Como consegue colocar pra fora, tudo o que eu tbm sinto!!! Gostaria de dormir... dormir até o mundo acabar!! Pq os remédios só nos fornecem efeitos passageiros? Cada dia mais dificil viu!!!

Dois cigarros e um café. disse...

Paty: o remédio é um fôlego. Só. Melhoras para ti. Bjs

Patty disse...

Obrigada Crystal!! Melhoras para ti tbm!!! Bjão