A Morte e sua foice...
Alguém que eu gosto muito morreu segunda-feira,minha madrinha, a pessoa mais próxima a mim que morreu depois que eu "fiquei grande"... não vou me delongar nas tristezas e filosofias... todos nós morreremos apesar de não estarmos preparados para tal acontecimento.
Minha madrinha era uma da pessoas mais bizonhas que eu conheci, tinha mó orgulho dela, a ela devo muitas histórias bizarras, vou resumir algumas:
Me ensinou a gostar de uma briga quando adolescente: Ela simplesmente metia o cacete em quem tirava onda com a cara dela, sempre falava: Unhada é o caralho eu chego logo dando soco. Me ensinou que trançar os cabelos era o melhor penteado para a briga, toda vez que eu chegava com trança no colégio era merda na certa.
Me ensinou que não existe culpa com os homens, dizia que se deu e gostou tá ótimo, já tava no lucro, não importava se ele era cafageste.
Uma vez ela caiu na escada e se fudeu toda... mas vivia dizendo que foi mó alucinante a sensação da queda, que tudo rodou e ela ficou muito doida... detalhe: ela estava grávida de cinco meses.
Ela nunca teve vergonha de mim, mesmo quando eu era uma adolescente de cabeça raspada e minhas calças caiam pela bunda...
Com ela aprendi a arrumar o quarto em dois minutos, pegava tudo enfiava debaixo da cama e colocava uma colcha comprida.
Quando estávamos com fome invetávamos alguma coisa na cozinha, mesmo que fosse água com açúcar.... e ficava bom!
Pra ela dei meu primeiro pedaço de bolo quando fiz 12 anos, minha mãe morreu de ciúmes no dia, depois passou.
Ela foi a primeira a saber que eu fumava... quando eu perdi a virgindade... quando traí meu namorado...
Sempre trocávamos roupas... mesmo que ficássemos ridículas.
É dessa pessoa que vou sempre me lembrar, era uma pessoa que valia a pena lembrar... pra mim não existe adeus, no máximo um Até Logo.
Dói pra caralho, quando vi ela naquela caixa pirei. Comecei a falar que ela não gostava da blusa que estava usando e que tinham tirado todos os anéis dela, não queria que ninguém a tocasse. Eu vou aprender a viver com a dor, com a ausência, com o vazio. É Dona Iara quem ficou se fudeu, né?
A ela dedico hoje um pedaço da música O VENTO - Los Hermanos:
Posso ouvir o vento passar,
assistir à onda bater,
mas o estrago que faz
a vida é curta pra ver...
Eu pensei..
Que quando eu morrer
vou acordar para o tempo
e para o tempo parar:
Um século, um mês,
três vidas e mais
um passo pra trás?
Por que será?
... Vou pensar.
26 março 2008
Quem escreveu? Aceito Pix at 16:28
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5 comentários:
É clichê, mas não deixa de ter uma ponta de verdade: enquanto as pessoas viverem dentro da gente, elas nunca realmente morrem.
Enquanto você viver, uma parte dela vai estar em você.
De fato nunca estamos preparados para a morte de alguém próximo...
O importante é que as lembranças fiquem guardadas no seu coração !
E que doidinha mesmo parecia ser ela hein...rsrs
As pessoas que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.
E ela tá te esperando lá em cima filha!
Nossa.. me arrepiei... juro.. muito!!
eu tava ouvindo essa musica.. quando li seu post!
putaqueopariu!! que coisa loka!
Nossa!!
beijos.. e muita paz pra vc!!
Acho que a pior parte é pra quem fica. Pra quem vai, sempre tem a promessa de algo maior, pelo menos eu acredito que sim. Pra gente, que fica nesse mundo fidumaputa, só sobra a dor e bosta da ausência que fica assim latente. Mas Deus conforta a gente... ô se conforta.
Bjo
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