Venda de merreca

Antigamente quando eu vendia trinta mil dinheiros persas me achava a rainha da venda, a toda toda da negociação, a malemolência do trato com o cliente, o ícone de como alguém pode sair do nada e ir para o lugar algum, o supra sumo, tá vocês já entenderam e hoje quando vendo trinta mil acho que tô perdendo o jeito e que vou morrer a míngua.

Que trinta mil é o que seu Zé da esquina vende numa baforada do cigarro. Tô preocupada com a porra da meta galera. Tá foda. Tá foda. Duzentos mil meu pessoal. Tem que vender muito cabinho e muito disjuntor.

Tá que sei que sou muito boa, que algumas pessoas dariam um dedo para ter meu talento vendístico, mas quero ser muito melhor, quero ganhar muitos rios de dinheiro, quero que as pessoas me reverenciem e me peçam autógrafo na rua, quero compradores fazendo fila balançando suas ordens de compra milionárias, quero que as pessoas se batam para respirar o mesmo ar do ambiente que eu esteja! Mas quero mesmo é fechar esse mês com duzentos mil fechado e emitido nota fiscal, mês passado se aquela ordem não tivesse sido cancelada eu fecharia linda e gostosa com 173.000,00 (que diga-se de passagem é um PUTA número), mas acabei fechando com uns 30 mil a menos por N fatores que não vem ao caso.

Aí eu tava pensando agora, nego com muito mais tempo de casa PENA pra fechar uma naba assim, eu sou muito reclamona mesmo né? Mas fazer o que? Com toda essa lábia, tu não ia ficar puto de fechar o mês com menos de um milhão vendido?