12 fevereiro 2012

Em frente, sempre.

Hoje pela primeira vez em três dias tive a exata noção da última escolha que fiz na minha vida. Apesar de ser exatamente do jeito que gostaria, o pavor de começar tudo pela terceira ou quarta vez, me deixou paralisada, mau humorada e absolutamente bipolar, estava indo da euforia a apatia em minutos.

Estou saindo da empresa onde trabalho a mais de dois anos. O lugar onde melhor ganhei na minha vida, onde mais enlouqueci e onde fui mais testada na minha capacidade de vender e controlar o pânico. Entrei sem saber o que eram dois pares de fitas isolantes e saio como uma vendedora que se superou em números e conhecimento. Durante mais de um ano fui número um no meu setor, tirando do lixo empresas que não compravam nada e hoje compram mais de cem mil por mês, meu currículo hoje... se baseia somente em números, levei a loucura meus chefes e colegas de trabalho porque sempre quis o impossível.

Essas palavras não foram minhas e sim dos meus superiores, que me deram a oportunidade quando fui bater na porta pedindo para trabalhar lá.

Sou enormemente grata a oportunidade que tive, que me abriram portas, e apesar de ter uma personalidade difícil e ser um tanto indiscplinada, o saldo foi positivo para ambas as partes nesse contrato.

Perdi a conta em milhões que passaram pelos meus dedos em frente ao computador, atendendo duas linhas telefônicas, um rádio e recebendo uma quantidade de e-mail que certamente não dava conta. Vendi muito, bati metas, deleguei, fiquei em cima, dividi derrotas e conquistas. Muitas merdas aconteceram, muitas coisas sairam erradas. Perdi clientes, perdi vendas, perdi contratos, perdi a cabeça... chorei no banheiro, tomei mais café para aguentar o pique, sorri para meus clientes quando Marcos ficou meses em crise e me descontrolei com os mesmos quando só estava um frangalho emocional.

Escolhi quem atenderia e fiquei com umas trinta empresas prego por puro apego emocional.

Um dia ouvi de um cliente por causa de um erro que deveria ser vendedora de pipoca, a você que teve que segurar na obra seis mil reais de material que comprou errado, a todos que me xingaram, me trataram mal como cachorro porque eu estava atrás de um telefone, gostaria que todos vocês encontrassem péssimas vendedoras para atendê-los, para saber a diferença.

A todos que me trataram como gente, que sabiam a importância do meu trabalho para o andamento da obra, os que foram tão leais quanto fui a eles, que choraram preços, entregas, que compartilhamos todos os tipos de agruras de falta de materias, prazos apertados, chefes enlouquecidos.

A todos que me chamam de Cristalzinha, que fazem apelidos idiotas com meu nome, como me chamar de pedra brita....

Meu muito obrigada.

Vocês me sustentaram financeiramente e fizeram meus dias felizes com piadas imbecis enquanto tentávamos não chorar para arrumar um cabo específico da casa do caralho para a obra não parar.

Participei de construção de hospitais (aliás um deles sozinho me pagou uma comissão em uma única venda de mais de cinco mil reais, fora as outras...) vendi luminárias para reformas em escolas, vendi a iluminação para coberturas de famosos globais e mais um tanto de coisas que nem me lembro. Sem falar em uma casa de festas na Gavea que não demora muito será referência na área.
Falei com donos de empresas, arquitetos, engenheiros, peões, eletricistas, todo tipo de comprador e pincipalmente de gente maluca.

Briguei com chefes de outros setores, com fornecedores, implorei para entregarem meu material e negociei prejuízos juntos aos clientes.
Descobri nessa empresa que tenho colhões de aço e que não são dois gritos que me fazem baixar a cabeça.

Saio novamente, dura, morrendo de medo, mas com uma única certeza na cabeça: Um sonho e um sonho é o que basta para fazer revoluções.

Aquele mesmo sonho que me alimentou todas as noites, que me segurou quando tudo a volta ruía, da doença dqa minha mãe a todas as coisas que escolhi carregar.

Escolhi novamente fazer tudo diferente, porque sempre acho que as coisas tem um estranho jeito de dar certo.

Já fui contratada por outra empresa e quando a mocinha do Rh falou "Você está contratada" não houve um mínimo de exitação, um mínimo de dúvida. Confirmei tudo, sentei na mesa da minha chefe e informei minha decisão, que claro na visão de todos meus supreiores sou retardada, afinal, inicialmente ganharei menos que um terço, but, já fui dura na vida e sei que isso não mata.

Daqui um tempo estarei ganhando a mesma coisa e mais, podem apostar. Sabem porque? Excluindo meu milhão de reais, não teve nada que quis que não tivesse conseguido, mais cedo ou mais tarde. Porque eu acredito nas minhas escolhas e na minha vida.

Sei que sou feita de uma fibra muito forte e que esse é só o começo de mais um desafio, mas desafios só me fizeram ser o que sou. E eu sou a Cristal, o cavalo azarão que sempre vence as corridas.

Que venha mais uma.

8 comentários:

Pan disse...

Aeeee parabéns!! Então estamos no mesmo barco? hahaha
Boa sorte pra você no seu novo desafio!!
Beijão!

Thaís e Jecó disse...

Nossa que texto! Que motivação! Parabéns!

Murilo Reis disse...

Que bom você estar saindo desse lugar com essa motivação. Muita gente, se estivesse no seu lugar, com certeza sentaria na sarjeta e choraria as mágoas. Você. pelo que vejo, já tem predisposição para encarar desafios e cumprir metas. Espero que a retórica de que você consegue tudo o que quer se repita novamente. Força aí.

Beijo.

Unknown disse...

Fez certinho Cristal...Saiu com outra oportunidade em vista. Adorei "a mocinha do RH" eu fico do outro lado dessa história e posso dizer que quando fazemos a proposta para uma pessoa que esta trabalhando e esta aceita, é o must, rs
Vai dar tudo certo, e se não der (bate na madeira) você arriscou e viveu!!
Beijo

Eu?! disse...

boa sorte!

Afrodite disse...

Então tu vai mesmo pra BH????
Menina,parabéns!Sei que grandes coisas virão de vc,e um dia ainda iremos rir de todas as nossas agruras!Vc verá!
Boa sorte e sucesso é tudo que te desejo!Pq o resto vc tem,mulher:COMPETÊNCIA pra dar e vender!
Um beijo e excelente carnaval!

Unknown disse...

Olha eu acho que se voce pensou e tomou essa decisao foi a melhor coisa. Nao adianta trabalhar num lugar sofrendo.

To aqui na torcida,sempre.
Lembrei do seu primeiro dia la nessa empresa,parece que foi ontem.

bjus

Suzi Schio disse...

como foi bom ler isso....saí de um emprego onde ganhei maravilhosamente bem, mas o ambiente era péssimo, desgastante e eu não gostava do que fazia....acabo de aceitar outra proposta, numa empresa pequena e inicialmente vou ganhar contadinho o que eu preciso para sobreviver...mas vai dar certo....e vou trabalhar com o que eu gosto e quero fazer pelo resto da vida.