03 agosto 2013

O ponto de partida é mesmo da chegada.

É perceptível minha falta de vontade de escrever, cansei muito tempo, de reclamar, de pedir ajuda, de pedir atenção, por meio de palavras e indicações, nem posso dizer que estou com medo de voltar para a concha porque sequer cheguei a sair dela. Sentir medo virou uma constante, só o medo da vida mesmo, de ser feliz, não um medo palpável e explicável.

Quase nada me choca, nem o injusto. Descobri que se ficar de fora, apenas assistindo, poderia me proteger um pouco mais. Foi o que fiz, até me desinteressar genuinamente por tudo. Algumas pessoas ainda me sacolejam, tentando arrancar dois gramas de vida, aí vivo mais alguns dias até tudo se esvair novamente.
Antigamente tinha leves impressões das certezas que tenho hoje.
Eu não tenho desânimo, nem ânimo, não tenho arroubos nem pelo sim, nem pelo não.
Tentei fugir, sair correndo, para descobrir que não adianta, a gente leva nossos problemas para onde vai. Sempre penso a mesma coisa, se nem eu me interesso por mim, porque outra pessoa assim o faria?

Fui andando, andando para um ugar tão longe que ninguém me tira de lá, nenhuma palavra tem sentido, como nenhum sentimento me faz realmente sentir nada. O único sentimento que me permito sentir é a culpa. A culpa das minhas escolhas. a culpa que ninguém nunca reparte comigo.
A culpa me consome.


3 comentários:

Andréa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andréa disse...

Lindona, quando tive depressão (mais de uma vez), fiquei assim, indiferente, insensível.
Fiz tratamento e, na época, meu neurologista me explicou que ela é genética e a maior parte das pessoas com depressão não sabe que a tem e convive com ela a vida toda pensando que a vida é assim, mesmo, cinzenta. Ela não é, só, um processo psicológico, é físico, mesmo, é uma espécie de disfunção cerebral.
Já tive mais de uma vez e hoje em dia tomo muito cuidado com ela, ao menor sinal, procuro socorro.
Se for o seu caso, vale fazer um tratamento, sabe, porque a vida é curta, você tá numa idade maravilhosa e ela impede a gente de viver plenamente. Tem muita coisa legal pra se viver, mas quando a gente tá na crise, não consegue ver nada disso.
Te admiro muito. Beijo grande.

Andréa disse...

E desculpe, não quero ser invasiva.