Me rendi, como tenho me rendido diversas vezes, fui a piscóloga a primeira de muitas sessões.
Entendo porque as pessoas tomam chá de qualquer coisa para tentar curar a depressão, a angústia e dor é tão forte que qualquer esperança é fio a se apegar.
Cheguei, carregando meu enorme fardo de vazio interior, e ela quis "me conhecer" eu disse quem era, o que fazia, e como me sentia a maior parte do tempo, um lixo, feia, gorda, mal acabada, tais palavras "chocou" a psicóloga e apesar de já ter ouvido mil vezes ela repetiu, como uma mulher bonita como você pode se sentir assim? (risos) A beleza deve ser algum tipo de antídoto, só é depressivo quem é feio.
Contei dos remédios que tomo, dos efeitos colaterais, de como são meus relacionamentos (os poucos que existem e os superficiais) disse que gostaria de sumir.
Contei sobre o episódio fatídico dos soníferos, ela perguntou se eu tentei me matar e eu disse que não, que só queria dormir uns 4 dias seguidos. Falei sobre a imensidão do vazio, da minha falta de vaidade, da minha falta de propósito, do meu pouco valor e como tento sublimar tudo isso parecendo melhor que as outras pessoas.
Falei que sou compradora compulsiva, que sinto sono e apatia o tempo inteiro, que meu trabalho é um tipo de tortura e que nunca me adaptei a minha mudança. Disse que não me sinto meu mesma, que meus olhos são se parecem com os meus, que sequer me reconheço em uma foto.
Disse que fazer qualquer coisa é um esforço enorme, hercúleo, que nem queria estar ali, que queria ir dormir. Disse que meu relacionamento está por um fio porque não consigo externar nenhum tipo de sentimento e quando o faço é com tanta fúria que assusto.
Falei que não gosto dos meus colegas de trabalho e da humanidade como um todo, que fujo de qualquer convite e só quero ficar em casa, disse que minha libido é uma vaga lembrança e que meus remédios não parecem ajudar.
Quando ela me disse o que eu gostava de fazer... eu disse que gostava de ler, de escrever e de imaginar que sou outra pessoa.
Não saí uma vírgula melhor que entrei, falar tudo isso em voz alta e admitir foi pior que com o psiquiatra, fez tornar mais real que não dou o mínimo valor a minha vida.
Mas já estou com a próxima sessão marcada.
30 novembro 2015
Piscóloga - Dia 1
Quem escreveu? Dois cigarros e um café. at 14:06
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6 comentários:
Que bom , falar é preciso e se ouvir também.
Tenho certeza que vai sair dessa!!
Putz..... lembrei o nome desse blog sem mais nem menos, lembro que quando conheci a mais de 5 anos atrás, fiquei um dia inteiro lendo e impressionado com sua habilidade, criatividade e humor para escrever. Recordo que vc trabalhava vendendo relogios num shopping , fumava , bebia , comia hamburgueres gordurosos quando chegava do trampo e etc. Rachava os bicos do seus posts...... enfim, hj parece estar passando por um momento dificil , meio triste ...o que mudou de lá pra cá? O talento para escrever está do mesmo jeito! rá...
Nossa, há quanto tempo não passo por aqui... como de costume passei, parei e li uma página (ou mais?) de textos para me atualizar. Quando abri o blog achei que leria algo do tipo "aí minha vida deu uma reviravolta e agora sou rica e feliz". Ainda torço pelo dia em que voltarei aqui e lerei algo assim, de verdade. Força! :)
Feliz Natal Cristal, espero que esteja tudo bem!
primeiras sessões de psicólogos, quando rola empatia com a mesma, são maus necessários.
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